Bukowski...

terça-feira, 30 de novembro de 2010 às 09:39
Há um pássaro azul em meu peito que quer sair mas sou duro demais com ele, eu digo, fique aí, não deixarei que ninguém o veja. Há um pássaro azul em meu peito que quer sair mas eu despejo uísque sobre ele e inalo fumaça de cigarro e as putas e os atendentes dos bares e das mercearias nunca saberão que ele está lá dentro. Há um pássaro azul em meu peito que quer sair mas sou duro demais com ele, eu digo, fique aí, quer acabar comigo ? (…) Há um pássaro azul em meu peito que quer sair mas sou bastante esperto, deixo que ele saia somente em algumas noites quando todos estão dormindo. Eu digo: sei que você está aí, então não fique triste. Depois, o coloco de volta em seu lugar, mas ele ainda canta um pouquinho lá dentro, não deixo que morra completamente e nós dormimos juntos assim como nosso pacto secreto e isto é bom o suficiente para fazer um homem chorar, mas eu não choro, e você ?

desassossego

quarta-feira, 24 de novembro de 2010 às 05:33
meu universo colorido reverso é menos perverso que qualquer progresso / meu mundo é profundo
minha natureza diversa / minha palavra é beleza / minha atitude é paz / meu universo é pequeno / minha alma é que tem tal mania de grandeza..

Se escrevo / observo / e olho
é porque sou amante da natureza e a liberdade do pensar
é o que me faz esquecer os limites
..
então amo,
escrevo
e vivo.

Fingindo saber

terça-feira, 23 de novembro de 2010 às 06:45
Penso eu se nasci pra poesia
escrevo com a mão torta sem notar caligrafia.
Faço curvas com o corpo enquanto fujo
na tangente de tantas palavras..
Me curvo quando me canso e cruzo os pés quando indeciso.

Cismo.

Seguro o lápis firme com cinco dedos. resisto.
Tento e atento em cada detalhe por trás do
lado escuro de cada verso.

Penetro lentamente no instante já sem perceber
as quinas afiadas de tais palavras tão sozinhas
e me espremo pra me caber inteiro em cada entrelinha
no meio de tanta euforia, paro, penso.

Penso se nasci pra poesia.
uma lágrima escorre da palavra amor
e já não tenho tempo pra pensar na dor
...

(escrever deveria dar certezas?)

My favorite things

sexta-feira, 15 de outubro de 2010 às 14:40
Naquela tarde eu senti o peito cheio de cores na volta pra casa, sentei na beira da janela e,
como eu esperava, logo veio ele me dar bom dia.
Lembro só que ainda era primavera.
Ventava de um jeito diferente. No rádio, Coltrane.
'My favorite things'..
Lá fora, naquele dia quente, começava a chover sei lá de onde.
É, coisas favoritas..
a gente tem dessas coisas..

Outra estação

quarta-feira, 13 de outubro de 2010 às 21:07
Eu preciso ir. Sim, a gente se fala, a gente sempre se fala, não é?
Quer me dizer alguma coisa?
Mais silêncio.
entendo.
Vem cá, me dá um abraço? Não, não quero seu beijo hoje, é só um abraço.
Você tem sempre razão.
Você me dá um cigarro?
O tempo já correu demais.
Sinto que esta madrugada será bem fria..